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Domingo, 06 de Outubro de 2019, 12h:22

A ciência por trás da timidez

Por Pérola Cattini

Da coluna Bem-Estar
Artigo de responsabilidade do autor

Cientistas buscam entender o comportamento das pessoas tímidas através da genética

Divulgação

ColunaBem-Estar

Existe todo um mercado para ajudar as pessoas a lidarem com a timidez. De cursos a treinamentos, o assunto é bastante discutido por especialistas e curiosos sobre o comportamento humano.

Dos alunos da faculdade de psicologia aos cientistas renomados que estudam os efeitos neurobiológicos dos comportamentos, atualmente existem diversas pesquisas que buscam compreender a timidez. Para a professora de genética do desenvolvimento e do comportamento, Thalia Eley, do King’s College London, a timidez pode ter uma raiz genética.

Segundo a pesquisadora, a timidez pode ser um traço de temperamento, algo que é precursor à personalidade. Logo na primeira infância já se torna possível reconhecer crianças que são mais tímidas ao falar ou interagir com adultos desconhecidos. Eley aponta que cerca de 30% da timidez pode estar ligada a fatores genéticos, enquanto os 70% restantes irão se desenvolver de acordo com as interações com o entorno.

Para realizar o estudo que chegou a esses dados, foram analisados principalmente gêmeos idênticos – com cópias genéticas perfeitas um do outro, e também os gêmeos não-idênticos, que compartilham apenas metade dos genes.

Cada variante genética tem um efeito minúsculo quando analisada individualmente, porém as milhares de combinações possíveis criam um impacto muito mais perceptível na expressão física e comportamental dos indivíduos. É por isso que estudiosos buscam no DNA a possibilidade de descobrir informações importantes sobre a formação da personalidade e a saúde mental do ser humano.

A alta porcentagem de influência do entorno permite que essa característica seja alterada com o passar do tempo, seja pelas experiências do dia a dia ou por tratamentos psicológicos. A timidez está entre as principais reclamações em consultórios de psicoterapia, e os profissionais da área dispõem de atividades e exercícios para que os pacientes possam incluir um novo comportamento ao seu repertório, mais extrovertido.

Entre as possibilidades de intervenções com psicoterapias, a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) é uma das práticas mais indicadas para quem lida com ansiedades sociais.

A timidez não é negativa
Apesar de muitas pessoas enfrentarem incômodos por serem tímidas, a timidez em si não é algo negativo ou prejudicial. O problema é quando ela ultrapassa os níveis considerados normais, trazendo desconfortos em situações envolvendo outras pessoas e causando uma ansiedade social maior.

O principal motivo que leva pessoas tímidas a buscarem ajuda está no sentimento de prejuízos por não conseguirem fazer algo que necessitam fazer. Situações do dia a dia, como falar com outras pessoas no trabalho ou assumir uma posição em momentos que dão a sensação de julgamento, por exemplo, podem se tornar bastante estressantes para as pessoas tímidas.

A timidez é considerada importante também para o processo evolutivo do ser humano. Afinal, ao mesmo tempo que pessoas extrovertidas foram importantes para a interação social da raça humana, as características mais tímidas foram importantes na preservação da espécie, com decisões mais cautelosas que preservavam a vida dos filhotes e da comunidade.

Pessoas tímidas também podem ser extrovertidas, ainda que isso seja menos comum. Neste caso, as pessoas sentem uma grande pressão sobre si mesmas nas relações sociais, impedindo que interajam mais com as pessoas ao seu redor.