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Economia Terça-feira, 25 de Outubro de 2022, 11:49 - A | A

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Fronteira

Com fronteira fechada, comércio de Corumbá aponta queda nas vendas

Bolivianos formam boa parte dos compradores de lojas e supermercados do centro da cidade

Rogério Vidmantas
Capital News

Diário Corumbaense

Com fronteira fechada, comércio de Corumbá aponta queda nas vendas

A fronteira de Corumbá foi fechada no último sábado (22)

A fronteira do Brasil com a Bolívia, em Corumbá, está fechada desde o último sábado (22), sendo permitida a passagem apenas de pedestres. A ação é um protesto do Comitê Cívico de Puerto Quijarro contra a decisão do governo de Luiz Arce de adiar o Censo Demográfico para 2024, o que, na visão dos manifestantes, tem prejudicado o estado de Santa Cruz de La Sierra e outros departamentos.

Pior para o comércio de Corumbá, que contabiliza os prejuízos. Os bolivianos movimentam as vendas, principalmente nas lojas da região central e supermercados.

“Desde sábado não recebo minhas clientes do atacado por causa da fronteira fechada. Elas estão com mercadorias pagas, não conseguiram vir buscar e fica aqui estocado. Com a fronteira fechada, já houve queda de até 30% nas vendas. A região central ficou parada no fim de semana. Essa situação é ruim pra nós que não vendemos, é ruim para eles que também precisam do produto pra revender”, disse Elizabeth Bento que é proprietária de uma loja de calçados se referindo às compras em quantidade.

Erivelton Moyses Torrico Alencar, chefe da Alfândega da Receita Federal, lembrou para reportagem do Diário Corumbaense que 85% das exportações do Centro-Oeste brasileiro saem por Corumbá e esse fechamento impede o fluxo de mercadorias.

“Quando falo de exportação, falo de mercadorias que saem em veículo de carga. Além das exportações, existem as importações que estão sendo afetadas. O que ocorre também é que tem veículos de passeio, os bolivianos vêm até o centro da cidade, nas lojas, supermercados, fazem suas compras desde produtos da cesta básica e eletrodomésticos. Então, esse fechamento, além do fluxo de mercadorias que vão para os grandes centros da Bolívia, impacta também o comércio local, e isso obviamente prejudica os comerciantes da cidade” explicou Erivelton.

Ele ainda salienta que grande parte do trabalho da Receita Federal é aduaneiro. “Depende da fronteira e com ela fechada essa carga de trabalho diminui. Estima-se que cerca de 8 mil veículos de passeio entram e saem por dia e aproximadamente entre 600 a 800 veículos de cargas cruzam a nossa fronteira. Já os que passam por scanner são entre 20 a 30 por dia”, completou.

O protesto
O fechamento da fronteira é uma das “medidas extremas” para pressionar o governo de Luis Arce a realizar o Censo Demográfico em 2023 e não em 2024. O Censo disponibilizará novos dados populacionais "em tempo hábil", sendo possível novo pacto fiscal antes do próximo período eleitoral.

De acordo com lideranças do Paro Cívico, o levantamento precisa ser realizado o quanto antes, pois o Estado de Santa Cruz de La Sierra e outros departamentos são os mais prejudicados, já que o último foi realizado em 2012 e de lá pra cá muita coisa mudou.


Santa Cruz, conforme o ultimo Censo, tinha 2 milhões de habitantes, desde então, essa população cresceu, ainda mais com a migração de pessoas de outras cidades e departamentos da Bolívia, que optaram por viver lá. Como consequência, isso afeta diretamente no repasse de verba pública para investimentos, políticas sociais, que deveriam ser de acordo com o número de pessoas que vivem nos estados.

A fronteira da Bolívia com Corumbá está fechada desde sábado (22). Só a passagem de pedestres é permitida.

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