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Política Sexta-feira, 19 de Fevereiro de 2016, 14:46 - A | A

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Abuso

Ex-presidente da Câmara de Corumbá pagou mais de R$ 600 mil em diárias em três anos

Diárias foram pagas sem critérios e com pouca transparência

Gilmar Lisboa
Capital News

Divulgação/Câmara de Corumbá

Ex-presidente da Câmara de Corumbá pagou mais de R$ 600 mil em diárias em três anos

O plenário da Câmara de Corumbá

Entre 1º de janeiro de  2013 e dezembro de 2014, o vereador por Corumbá Marcelo Aguilar Lunes (PDT) autorizou o pagamento de R$ 613 mil em diárias aos 15 vereadores da Casa da época.

Somente em 2014 o pedetista autorizou R$ 364 mil em diárias.

Lunes dirigiu a Câmara do município durante os dois anos. No período ele também pagou, a ele próprio, R$ 51mil em diárias. Já nos últimos três anos o pedetista consumiu R$ 67 mil em diárias – o salário de um vereador de Corumbá é de pouco mais de R$ 8 mil.

Entre janeiro de 2013 e dezembro de 2015 foram, ao menos, 60 diárias pagas a Lunes. Somente no ano passado foram 16 delas, no valor de R$ 16 mil, autorizadas já na gestão do vereador José Tadeu Vieira (PDT), atual presidente da Câmara.

No seu caso, Lunes atribuiu os gastos a supostas despesas de hospedagem e alimentação que fez em viagens principalmente a Campo Grande.

Os dados constam no relatório sobre gastos com diárias, publicado no Portal da Transparência da Câmara de Corumbá, atrelado ao site oficial daquela Casa.

 O vereador justificou a grande maioria dos gastos com a rubrica “viagem para tratar de assuntos do Legislativo”.

Em pouquíssimos casos as justificativas vieram acompanhadas de razões mais esclarecedoras para os deslocamentos.

No relatório é especificado, mês a mês, o número de viagens feitas pelo vereador, o destino, o objetivo dos deslocamentos e os valores dos gastos.

Divulgação/Câmara de Corumbá

Ex-presidente da Câmara de Corumbá pagou mais de R$ 600 mil em diárias em três anos

O vereador Marcelo Lunes: "enxurrada" de diárias

Em 2013, por exemplo, no primeiro ano em que comandou a Câmara da cidade, Lunes abusou dos gastos com diárias, conforme o Portal da Transparência.

Ao todo, ele consumiu naquele ano R$ 23 mil com diárias. E não foram apenas os valores gastos com tais despesas que chamam a atenção. Mas os períodos em que as diárias foram pagas.

Em janeiro daquele ano, por exemplo, período em que a Câmara estava em recesso e, por esse motivo, não se justificariam tais despesas, Lunes autorizou a ele mesmo quatro diárias para viagens à Capital, ou uma média de uma por semana.

Os gastos totalizaram R$ 3.200,00, levando-se em conta que à época o valor de cada diária era de R$ 800,00. No mesmo mês, o vereador autorizou o pagamento de outras 13 diárias, que beneficiaram também outros cinco vereadores da Câmara, a um custo total de R$ 13.600,00.

Em 2014, em apenas dois meses (novembro e dezembro), agora já no último ano da gestão de Lunes à frente da Câmara, o pedetista consumiu 10 diárias de R$ 1.000.00 cada, o equivalente a R$ 10 mil, ou um pouco mais que um salário mensal de vereador no município.

Já em 2015, ano em que Lunes já não presidia mais a Câmara e que ele foi beneficiado com R$ 16 mil em diárias (ou uma média de mais de uma ao mês), o vereador desfrutou de outro benefício bastante estranho na seara das diárias.

Recebeu R$ 2.000,00 em diárias em pleno recesso parlamentar de julho, igualmente justificados com a polêmica rubrica “viagem para tratar de assuntos do Legislativo”.

Outro lado

Procurado na tarde desta sexta-feira (19), para falar sobre o número exagerado de diárias pagas em sua gestão, Marcelo Lunes não foi encontrado pela reportagem do site.

Um contato tentou ser feito, via telefone, com o gabinete do vereador. No entanto, uma atendente da Câmara informou que ninguém teria ido trabalhar nesta tarde no local.

Procurada pela reportagem para falar sobre os gastos excessivos com diárias na Casa, a direção atual da Câmara de Corumbá não quis se manifestar sobre o assunto.

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